A prevenção à lavagem de dinheiro (PLD) deixou de ser apenas uma obrigação regulatória e se tornou uma frente estratégica dentro das organizações. Em um cenário em que as exigências legais aumentam e os riscos reputacionais podem comprometer anos de construção de marca, as empresas precisam garantir que seus processos de verificação sejam precisos, atualizados e executados com excelência.
Por isso, evitar falhas nos processos de verificação PLD é mais do que uma boa prática — é uma medida essencial de proteção jurídica e de sustentabilidade empresarial. Neste artigo, vamos explorar os principais erros cometidos por empresas durante as etapas de verificação e apresentar soluções práticas para garantir um compliance PLD sólido e eficiente.
Falta de estrutura na política de compliance
Toda empresa sujeita às normas da Lei nº 9.613/1998 deve manter uma política de compliance formal e atualizada. Mas muitas ainda pecam na superficialidade do documento ou na ausência de regras claras.
Uma política de PLD eficiente deve conter:
- Estrutura de responsabilidades
- Diretrizes para abordagem baseada em risco
- Procedimentos de KYC (Know Your Customer) e identificação do beneficiário final
- Critérios para due diligence
- Rotinas de monitoramento de transações e comunicação ao COAF
Sem uma política bem definida, os processos ficam vulneráveis, inconsistentes e sujeitos a interpretações ambíguas.
KYC incompleto ou desatualizado
Um dos erros mais recorrentes em processos de PLD está na aplicação incorreta do KYC. Em muitos casos, a coleta de documentos é feita de forma burocrática e sem análise crítica.
O KYC não é uma simples checagem de RG e CPF. Ele deve incluir:
- Origem de recursos
- Estrutura societária
- Relacionamento com PEPs (pessoas politicamente expostas)
- Participação em outras empresas
- Vínculos com atividades de risco
Além disso, os dados devem ser periodicamente revisados. Um cadastro que está há dois anos sem atualização não reflete mais a realidade do cliente.
Falhas na due diligence
A due diligence deve acompanhar todas as etapas do relacionamento com o cliente: entrada, permanência e encerramento. Muitas empresas limitam essa verificação apenas ao onboarding, ignorando que riscos surgem ou evoluem com o tempo.
A ausência de due diligence contínua impede que a empresa identifique movimentações suspeitas, mudanças de perfil e novos vínculos com atividades ilícitas. É preciso usar ferramentas de monitoramento que combinem dados internos e externos.
Ausência de análise baseada em risco
Tratar todos os clientes de forma igual é um erro grave. A abordagem baseada em risco, prevista na Circular 3.978/2020 e na Resolução BCB nº 119/2021, exige que a empresa concentre esforços onde há maior exposição.
Clientes com transações complexas, atuação internacional, uso de dinheiro em espécie ou histórico de alertas devem ter controles mais rigorosos.
Ignorar esse princípio resulta em processos ineficientes: gastos excessivos com clientes de baixo risco e negligência com os de alto potencial de envolvimento em crimes financeiros.
Monitoramento frágil de transações
Não basta apenas registrar operações. É preciso identificar padrões e desvios. O monitoramento de transações precisa ser orientado por regras claras e sistemas bem calibrados.
Falhas comuns incluem:
- Ausência de limite para alertas automáticos
- Falta de categorização por tipo de cliente
- Não revisão periódica das regras de negócio
- Incapacidade de identificar operações fracionadas
Empresas que não evoluem seus sistemas de monitoramento deixam de captar sinais importantes de risco.
Não comunicar operações suspeitas ao COAF
Um dos pilares da prevenção à lavagem de dinheiro é a comunicação ao COAF. No entanto, muitas empresas deixam de comunicar por medo de errar, por desconhecimento dos critérios ou por falta de processos internos.
Deixar de comunicar é uma infração grave e pode gerar sanções. Por isso, é fundamental:
- Treinar os times de risco e compliance
- Ter canais internos para reporte de suspeitas
- Definir fluxos claros para envio ao COAF
- Manter registro de todas as comunicações realizadas
A empresa deve atuar com segurança jurídica e evidências documentadas.
Falta de capacitação dos colaboradores
Mesmo com processos bem estruturados, o compliance PLD falha se as pessoas que o executam não estiverem preparadas. A falta de capacitação ainda é um dos principais gargalos na execução das políticas.
Capacitar significa:
- Explicar conceitos e legislação
- Simular casos reais
- Mostrar a importância da análise crítica
- Fomentar uma cultura de compliance transversal
Treinamentos contínuos e personalizados por área são fundamentais.
Subestimar o papel da tecnologia
Ferramentas digitais não substituem o julgamento humano, mas ampliam a capacidade de análise e controle. Muitas empresas ainda operam seus processos de verificação manualmente, ou com planilhas frágeis e não integradas.
O uso de tecnologia permite:
- Automatizar processos de KYC e onboarding
- Realizar monitoramento de transações em tempo real
- Gerar relatórios para auditorias e fiscalizações
- Cruzar dados com listas internacionais e sistemas externos
A integração com birôs de crédito, bases públicas e ferramentas de verificação jurídica fortalece o programa de PLD.
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